Você trabalha em uma companhia aérea. Sua empresa por causa de um conflito com sindicatos de pilotos e aeronautas que pedem aumentos, decide abandonar a mesa de negociações e deixar seus aviões em terra para pressionar os seus empregados. Faz tudo isto sem avisar os seus passageiros. Esta situação dura alguns dias e milhares de pessoas perdem os seus compromissos e ficam bastante irritadas com a situação, arranhando seriamente a imagem da companhia.
Duas semanas depois , com os ânimos acalmados e os voos (sem acento!) retomados é hora de melhorar a sua imagem corporativa, certo ? Que tal lançar uma campanha pedindo para que os passageiros descrevam em 140 caracteres, via Twitter, que experiência de luxo elas imaginariam ter a bordo das aeronaves ? O prêmio para as melhores respostas ? Um par de pijamas e as necessaires da primeira classe. Foi exatamente isto que a Qantas, companhia aérea da Austrália, resolveu fazer na semana passada, ainda orientando os passageiros a mencionar #qantasluxury na resposta.
O resultado ? Menos de 2 horas depois de lançada a promoção, #qantasluxury virou breaking trend do Twitter na Austrália, recebendo uma média de 130 tweets durante 10 minutos. Durante a noite, já existiam mais de 15.000 citações em mídias sociais, não mais limitadas a Austrália, mas vindas do mundo todo. O detalhe ? Todas eram menções amaldiçoando a companhia e fazendo paródia com os pijamas e os sonhos de luxo a bordo. Um viral ironizando a promoção, embora bem pouco original, já foi assistido mais de 50.000 vezes no http://www.youtube.com. Esta foi a resposta dos passageiros ao mau tratamento das semanas anteriores.
Arquivo mensal: novembro 2011
Cérebro de canguru
Nós vamos invadir a sua praia
Depois de dez anos chegou a hora de renovar o meu visto para entrada nos Estados Unidos.
Eu nunca havia ido ao consulado. Todos os meus outros vistos anteriores haviam sido providenciados por despachantes e as histórias que ouvia sobre o processo, para mim eram apenas lendas e exageros. Bem, ontem foi dia de testemunhar e vivenciar a experiência. Antes de chegar já vem os alertas: celulares e eletrônicos não são permitidos (o meu token do Banco Itaú é qualificado como um eletrônico de última geração e também não entra), o que fez prosperar o negócio dos guarda volumes na região. Por R$ 5,00 eles se encarregam de proteger os seus bens. Horas de espera (no meu caso, sendo liberado de fazer a entrevista, foram 3 horas admirando a minha senha número 3161) permitem que você observe as pessoas…2 grupos distintos: o grupo 1 é composto por executivos engravatados aborrecidos com as filas, preocupados com os seus compromissos da sequência da tarde e fazendo cara de que vão com tanta frequência para os EUA que chamam o Obama de Barack… exalam um ar de menosprezo e repulsa pelo processo e ficam isolados, solitários. Já o outro grupo é bem mais divertido: pessoas que estavam lá pleiteando o seu primeiro visto. Um grande contingente de estudantes, famílias indo para as férias na Disney e aqueles que ainda acreditam que podem “fazer a América” pensando em conseguir um trabalho por lá. Este grupo ao contrário, transpira tensão. Não sabem se obterão ou não o visto…Trazem pilhas de documentos, compartilham entre si histórias escabrosas de pessoas que tiveram seu visto negado, analisam quais pessoas nos guichês tem uma aparência mais amistosa, trocam dicas sobre o que falar e o que não falar para o entrevistador. Sente-se no ar uma cumplicidade e solidariedade. Um “torcendo” pelo outro…
O mais interessante é no final…depois de todo o longo circuito interno com triagem de documentos, digitais e entrevistas, ainda há uma fila do “Sedex”, onde se fazem os pagamentos para que os passaportes já com o visto, sejam remetidos de volta aos seus donos. As pessoas do grupo “executivo” mantém a sua aparência blasé…entendiadas em encarar mais meia hora de fila. Já o time do grupo 2 não esconde a alegria pela conquista. Sorriem, se cumprimentam mutuamente e compartilham os seus planos de viagem aos Estados Unidos. A sensação de inclusão social é enorme! Todos foram aceitos no chamado “primeiro mundo” e estão ansiosos para colocar os chapéuzinhos com as orelhas do Mickey e comprar eletrônicos na Best Buy.
Valeu pela etnografia do dia mas fico feliz de apenas ter que passar por isto novamente daqui uma década….
Publicado em Cotidiano, Etnografia, Viagem
Facebook vs. vida real
Nas redes sociais muitos dos nossos “amigos” são na verdade desconhecidos..Chega o convite e a primeira reação é tentar fazer um raio-x do passado…
Alguém com quem você já trabalhou ? Não. Colega da faculdade que você só conhecia pelo apelido ? Não. Alguém do colégio com mais barriga e menos cabelo ? Não. Brincaram juntos no maternal ? Não. Algum pecado cometido em uma noite remota ? Não. Raio-x completo. Diagnóstico ? Desconhecido. Você reflete…aceita ? não aceita ?? Resolve competir com seus colegas e se mostrar como alguém que é mais popular, querido e socialmente aceito. Yes ! You’re now connected ! Tirando que o fato do pescoço passar a ter acesso a sua vida, não existem grandes riscos. E na vida real ? Vejam esta campanha da Cruz Vermelha da Polônia que busquei no http://www.bluebus.com.br e que mostra os riscos de contágio por HIV. Totalmente baseada na relação que as pessoas tem com seus amigos virtuais e os perigos de repetir a abordagem na vida real. Exagerada mas com uma boa idéia !
JFK, 48 anos depois
Hoje faz 48 anos que John Kennedy, ex-presidente americano, foi assassinado enquanto desfilava em um carro aberto pelas ruas de Dallas, Texas. Já se passaram anos e anos de discussões e análises sobre se o assassino teria agido sozinho, se haveria uma conspiração envolvendo a máfia, os cubanos, o FBI…quantos tiros foram disparados etc…A história oficial diz que Kennedy morreu atingido por 2 tiros, disparados do 6 andar da biblioteca municipal, por Lee Oswald, que foi preso e acabou também assassinado dois dias depois do crime.
Passado tanto tempo, tem duas coisas que são incríveis nesta história sob um olhar atual. Dá para imaginar o presidente dos Estados Unidos desfilando em um carro conversível ? Mais do que isto …dá para acreditar que exista apenas um vídeo que mostre o assassinato de Kennedy ? A filmagem foi feita por um cidadão comum, chamado Abraham Zapruder, que com sua câmera super 8mm, documentava a passagem do presidente pela cidade.
Onde estavam as câmeras de TV ? Nos estúdios, fixas, do tamanho de geladeiras. Filmagens em smartphones feitas pela multidão e postagem no http://www.youtube.com ? Somente depois de algumas décadas isto seria possível… Naquela época Zapruder vendeu os direitos de seu vídeo para a revista Time que só o tornou público em 1975 ! Este certamente se tornou o vídeo mais analisado da história…Tudo isto menos de 50 anos atrás…
PS: Eu sempre penso que se me chamasse José, eu seria mais um JFK no mundo…Isto seria hype
Publicado em Reflexivo
Lá como cá
Violência urbana é um problema sério. Todo mundo que vive em cidades grandes ou já passou por alguma situação horrível ou tem uma história ainda pior para contar. Muitas vezes achamos que isto é um privilégio do Brasil e buscamos causas como má distribuição de renda, falta de investimentos em educação, ou um pouco de cada coisa ou uma mistura de tudo. A busca de culpados é constante e a solução distante.Pois bem, veja esta campanha pelo desarmamento que o Samuel L. Jackson está estrelando nos EUA e que encontrei no http://www.thedailywh.at. Fala menos em quem culpar pela violência e mais em cada uma fazer o seu papel para quebrar este ciclo. A mensagem é impactante e a interpretação do Samuel L. é um show.
Publicado em Cotidiano
Preconceitos e seus efeitos

A Emirates é uma das 6 patrocinadoras oficiais da Copa do Mundo e não quer ter a sua imagem associada a entidades lideradas por pessoas que fazem declarações deste tipo. Os outros 5 patrocinadores também foram obrigados a vir a público e dizer que não toleram o racismo. Aliás, por falar em racismo e preconceito, a Benetton ressurgiu….e bem mais legal do que o ruído causado pelas imagens de beijos entre celebridades da sua nova campanha publicitária, é o filme que está por trás da idéia e que se chama UNHATE. Passou completamente despercebido em função da polêmica causada pela bicotinhas do Papa e do Obama mas tem mensagens fortes contra todas as formas de discriminação.

Foi bom para me fazer lembrar que a Benetton ainda existe e ter uns flash-backs de uns casacos de cores bonitas que tive na adolescência…Para mim a Benetton já havia se juntado a outras marcas mais extintas a ararinha azul e ao mico leão dourado como espécies quase em extinção.
Publicado em Cotidiano, Etnografia, Futebolístico, Marketing