Carta dourada

A Grã-Bretanha é um país fiel as suas tradições.As cabines telefônicas, os taxis londrinos, os pubs e até a rainha são alguns ícones que parecem imutáveis  ao longo de décadas e por vezes séculos. As Olimpíadas de Londres estão contribuindo para a transformação de um outro símbolo britânico que permanecia petrificado no tempo desde 1874: as caixas de correio ou para ficar mais chique “pillar boxes”. Como forma de se engajar no espírito olímpico e demonstrar o seu apoio aos atletas da casa, o UK Postal Service, decidiu homenagear os ganhadores das medalhas de ouro, pintando de dourado os “pillar boxes” mais próximos das residências dos medalhistas . Os “pillar boxes” tradicionalmente sempre foram vermelhos e nunca tinham mudado de cor em quase 150 anos.  Existem 115.000 caixas de correio espalhadas pelo Reino Unido…Por enquanto os pintores do correio não tiveram muito trabalho…apenas 11 medalhas de ouro foram conquistados e portanto 11 caixas foram pintadas mas até o final das Olimpíadas e com o início dos Jogos Paraolímpicos, os anfitriões estão otimistas em gastar bastante tinta dourada. Se a moda pega no Brasil, baseado na nossa performance até o momento, o coitado do pintor iria morrer de tédio e talvez um galão de tinta fosse suficiente…

Bonsai de ginasta

As olimpíadas continuam. Depois da tentativa de aprender os fundamentos do judô que relatei no post anterior, agora os meus olhares se voltaram para a ginástica olímpica. Não vou falar dos desagradáveis tombos da família Hypolito ou da aposentadoria da Daiane. Ontem quando liguei a televisão, tive certeza de quem estava representando o Japão era a Cecília, uma colega de escola da minha filha e que tem oito anos de idade. São ginastas miniaturas com corpo e fisionomia de crianças ! Cheias de maquiagem, pareciam que estavam brincando com o batom que pegaram escondido de suas mães. A sensação que elas passam quando dão piruetas naquela trave ou voam nas barras assimétricas é que vivem em Lilliput. Tudo aquilo parece ser super-dimensionado para elas…Os seus técnicos, quando as abraçam, parecem os gigantes do pé de feijão ! E quando as mini-atletas começam a chorar porque receberam notas baixas dos juízes ? É angustiante…eu como telespectador queria ir lá entregar um pirulito ou um sorvete para ver se elas se acalmavam. Parece exploração de trabalho infantil.

Quando você descobre a idade média delas, percebe que não são tão crianças assim…foram escolhidas para a prática do esporte justamente pelo seu biotipo. Me constrangeu um pouco… as atletas orientais parecem que  foram submetidas à técnica milenar do bonsai e se transformaram em  atletas mas em versão miniatura.
A ginástica é bonita mas a sensação de violência ao corpo é bem  desconfortável.

Yuko,Waza-ari e Ippon

O mundo já está em ritmo de Olimpíadas de Londres. Primeiro veio a abertura..horas e horas de desfile de delegações.  Serviu para ampliar o meu repertório geográfico e ter enormes vantagens competitivas caso eu jogue “Stop”, afinal Quirguistão, Tadjiquistão e Palau  certamente valerão dez pontos pois praticamente ninguém os conhece .  Cerimônia de abertura de Olimpíadas para mim está na mesma categoria de desfile de escola de samba ou musicais da Broadway . Ou seja: serve para você ter assunto durante o jantar em família com a sua avó mas se você tiver alguma coisa melhor para fazer na hora que estiver passando na TV, faça.

Depois da festa, ontem finalmente começaram as competições e a participação do Brasil. A judoca Sara Menezes avançava e resolvi acompanhá-la em suas lutas. Foi muito interessante…Fiquei feliz por ela ter ganho a sua medalha de ouro mas tenho que admitir que não tenho a menor idéia de porque ela foi a vencedora. Entender o judô para mim foi um enigma digno de esfinge. As lutas levam cinco minutos. Durante mais ou menos quatro minutos e cinquenta e oito segundos a única coisa que acontece é uma lutadora ficar puxando a manga do judogui da outra (japonês para leigos: não, o traje dos judocas não se chama kimono… kimono quer dizer apenas “roupa” enquanto judogui quer dizer “roupa para a prática do judô”). Elas se agarram, a faixa na cintura se solta e os cabelos ficam todos desarrumados. Fica parecendo um duelo de descabeladas, Jumas Marruás sobre o tatame. O juiz para a luta, as lutadoras se arrumam e segundos depois voltam a se atracar . De repente alguém cai…se caiu de lado é uma coisa, se caiu de costas é outra e se caiu de cabeca não é nada…De uma hora para outra cartão de advertência para uma das lutadoras. Será que é porque o cabelo ficou desarrumado ? A faixa ficou fora do lugar ? Xingou o juiz ? Sei lá. Foi complexo…

Para o  espectador ignorante como eu ,Yukos, Waza-aris e Ippons foram como aquelas primeiras visitas a um restaurante japonês, tentando diferenciar sunomono, harumaki e misoshiro. Você sabe que são coisas completamente diferentes mas não as reconhece… sabe apenas que é melhor ter confiança no garçom do que tentar aprender…Você não tem idéia  do que comeu mas gostou da experiência…com o judô e seus golpes tive uma sensação bem parecida. Incríveis yukos (?), waza-aris (??) e ippons (???). Ouro para a Sara. Isto é o que importa…

Keep walking de metrô e não de carro

Não é fácil a vida das companhias fabricantes de bebidas alcoólicas. De um lado elas precisam estimular o consumo de seus produtos… pragmaticamente falando, quanto mais bêbados existirem perambulando pelas ruas, mais elas venderão e ao mesmo tempo, as empresas precisam zelar pela sua imagem corporativa, que deve ser socialmente responsável. Neste aspecto, os bêbados não representam exatamente elementos de paz e tranquilidade e dizer que você conta com eles para crescer o seu negócio, não pega bem.
Tentando encontrar este balanço entre o céu e o inferno, a Diageo , líder mundial no segmento de bebidas anunciou ontem que pelos próximos três anos, será a patrocinadora oficial do metrô de Londres durante a noite de ano novo . Das 23:45h até às 4:30 AM, todo mundo poderá andar de graça no metrô, por conta do grande amigo Johnnie Walker. Lewis Hamilton, garoto propaganda da Diageo aparece como divulgador da iniciativa.

Esta é uma boa forma de estimular as pessoas a se divertirem, celebrarem e portanto beberem e simultaneamente prestar um serviço a sociedade. Fiquei pensando que a Caninha 51 poderia fazer a mesma coisa com o Reveillon da Paulista e patrocinar o busão para a galera…Talvez não seja tão charmoso, mas sem dúvida que seria uma boa idéia (desculpem pela piada infâme mas é sexta-feira).

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