Se “Para Roma com amor” foi o melhor presente que Woody Allen conseguiu preparar para a cidade, Roma deve estar bem desconfiada. Deve estar pensando o que Barcelona e Paris fizeram para merecer dedicatórias e obras tão melhores. “Vicky Cristina Barcelona” e “Meia noite em Paris” são significativamente superiores a “Para Roma com Amor”, último filme de Woody Allen. . Diz o dito popular que quem tem boca vai a Roma. No caso, Woody Allen necessitou só de meia boca e um grande bolso, para filmar por lá e ganhar incentivos e alguns milhares de euros. Filme que é bom, ficou devendo…
O filme conta quatro histórias que são independentes entre si que se passam em tempos diferentes. A única coisa comum entre elas é que são ambientadas em Roma. O núcleo “cantando no chuveiro” , trata de um casal americano que vai a Roma para conhecer a família do noivo de sua filha e se envolve na producão de óperas . O segundo núcleo, o “alter ago”, retrata um arquiteto americano (Alec Baldwin) em férias na Itália e que se projeta na figura de estudante que está vivendo na cidade , se transformando em uma espécie de grilo falante, voz da consciência. Há também a célula “Jeca Tatu” com dois recém-casados provincianos que se perdem pelas ruas da cidade em que se salva a versão Piriguete italiana de Penélope Cruz.A última trama poderia ser definida como “esqueci minha Ritalina” ou “tributo ao BBB” e conta a história de Leopoldo (Roberto Benigni, tão afetado como quando apareceu na cerimônia do Oscar) um homem comum que é transformado em celebridade pela mídia.
Nada no filme é original, e “Para Roma com amor” acumula um monte de estereótipos e poucas surpresas. Você tem certeza que já viu tudo aquilo e fica esperando um gracejo, ou algo inovador que acaba não aparecendo. Roteiro bobo, piadas idem. Confesso que saí do cinema sem sequer ter aquela sensação de querer aprender italiano e comer macarrão…Até as imagens da cidade, tão espetaculares em “Vicky” e “Meia noite” e que se transformaram em cartões postais de Barcelona e Paris, faltaram um pouco neste filme. Roma aparece, bonita mas discreta, sem brilho. Woody não deve ter gostado de algum polpettone do passado e retribuiu com um tributo a Roma que pode facilmente ser classificado como “mezza bocca”.