Manual do sushi

Comer aqui no Japão tem os seus desafios. Esqueça algumas das idéias que você tem sobre restaurante japonês com esteira rodando, shimeji na manteiga , duplinhas de Luizinho com cream cheese e banana caramelada com sorvete de creme. Algumas constatações: não pense que você irá encontrar sushi em cada esquina…Cada restaurante é especializado em um tipo de comida. Tem o restaurante de tempurá, de yakisoba , de noodles e assim por diante. Você não encontra sushi no restaurante de noodles, assim como não come feijoada na churrascaria. A lógica é a mesma, embora eu nunca tivesse pensado nisto.

Esqueça a sua preferência pelo salmão. Salmão por aqui está para o sushi assim como o acém está para os apreciadores de carne no Brasil…Ou seja: é tratado como ingrediente de terceira categoria, inexistente nos restaurantes. O rei dos mares e das mesas por aqui é mesmo o atum que dependendo do seu tamanho chega a ser vendido por vários milhares de dólares no mercado de Tokyo. Pedir salmão é equivalente a comer pizza de frango com catupiry. É uma espécie de crime contra o patrimònio…

Nem pense em mergulhos acrobáticos de seu sushi em piscinas de shoyu. Esqueça também pedir mais raiz forte para incrementar o sabor de seu sushi. Ela já foi colocada na preparação do prato e acredite: o sushiman entende disto.. A mensagem é que o sabor do peixe deva prevalecer e ele deve ser a estrela da festa, não o molho de soja ou outros ingredientes criativos como maionese ou manga. Um último comentário: peça um barco cheio de sushi e sashimi, o que nós chamamos de “combinado” e se prepare para afundar a sua conta bancária. O barquinho será o Titanic de seu bolso. O sushi custa caro…você sentirá saudades de conseguir pagar a conta de sua comida japonesa com o ticket refeição…

Assuntos para entreter gringos em jantares corporativos

Ao longo dos últimos anos fui exposto a inúmeros jantares com gringos que vem participar de reuniões por aqui. A fórmula tradicional inclui uma visita a uma churrascaria, com direito a caipirinha e orgia de picanha e se o visitante for mais júnior, foto com o garçom fantasiado de gaúcho. Com o passar do tempo fui desenvolvendo uma habilidade de selecionar assuntos sobre o Brasil que os deixam fascinados e diminuem consideravelmente aquele silêncio desagradável, típico de quem não tem intimidade e que  também não tem mais o que falar. Ontem e anteontem tive jantares corporativos e mais uma vez obtive sucesso com o meu tema favorito para maravilhar gringos que querem ser cosmopolitas: a quantidade de japoneses em São Paulo. Os gringos ficam fascinados. O tema permite desdobramentos e assegura uma média de 10-15 minutos de conversa, tempo considerável em um jantar de 1:30 – 2h.Você pode falar que SP tem a maior população nipônica fora do Japão, que existe o bairro da Liberdade, que em São Paulo se come mais sushi do que qualquer outra coisa, que em algumas áreas das empresas como inteligência de mercado, existem concentrações de orientais, e se o papo estiver mais leve pode falar até sobre a Sabrina Sato como exemplo de como eles se misturaram a nossa cultura. Enfim, fica a dica. Testem vocês mesmos quando tiverem a chance.

 

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