Inclusão gasosa

Todo mundo parece estar obcecado para entender os hábitos de consumo das classes sociais mais pobres e encontrar produtos que possam atender as suas necessidades e caber no seu bolso.A Coca-Cola aprendeu na América Central que um número enorme de consumidores não tinha dinheiro para comprar a garrafa do refrigerante em função dos centavos a mais que tinham que pagar como depósito pelo “vasilhame” ( me senti bem velho escrevendo “vasilhame”, coisa da década de 70), ou a embalagem de vidro retornável do produto. Os consumidores continuavam querendo a sua Coca e encontraram sua fórmula: pagavam apenas pelo líquido que era colocado em saquinhos plásticos pelos comerciantes. Coca-Cola em saquinhos ? Sim…Nada de garrafas icônicas ou experiências completas com a marca… Como aproximar a marca deste consumidor para quem cada centavo conta ? A Coca-Cola então teve a idéia de distribuir para os pontos de venda saquinhos com a forma de sua garrafa…o consumidor manteve seu hábito mas agora desfila orgulhoso a sua compra. Coca-Cola em saquinhos mas com cara de garrafa de Coca-Cola. Fiquei pensando no que deve acontecer com o gás do refrigerante mas isto pouco importa para estes consumidores, agora ainda mais próximos da marca. Foi  um movimento de inclusão gasosa…


As últimas campanhas da Coca Cola continuam com gás ?

Outro dia escrevi encantado sobre como a Coca-Cola nos Estados Unidos estava sendo legal com os ursos polares (veja a íntegra do post: http://wp.me/p1STmB-34) . Doações a cada embalagem vendida e sobretudo a transformação radical da tradicional latinha vermelha que passaria a ser branca por 3 meses para apoiar a causa da proteção aos ursos polares. Pois é…não foi bem assim. Os consumidores até que gostam dos ursos polares e simpatizam com o bichinho mas rejeitaram completamente a latinha branca, acusada não apenas de desvirtuar a imagem da marca como também de gerar uma grande confusão: vários incautos não sabiam mais o que era a Coca-Cola tradicional e o que era a Coca-Cola Light. Alguns consumidores mais radicais começaram a difundir a lenda de que a Coca-Cola nas latinhas brancas não mantinha o sabor original do produto! Moral da história: em menos de um mês as latinhas brancas foram condenadas a extinção e não durarão nem até fevereiro. A idéia da Coca Cola que parecia boa, literalmente perdeu o gás…Será que é um mau presságio para os ursos polares ?
Em compensação a campanha “share a Coke” da Coca-Cola na Austrália e que lançou 150 embalagens diferentes, onde os Johns e as Sues poderiam comprar latinhas de Coca-Cola com o seu próprio nome foi um sucesso (eis o post com a história inteira:http://wp.me/p1STmB-6O).
O êxito foi tão grande que a Coca-Cola lançou uma segunda fase da ação, em que mais 50 nomes foram escolhidos para também serem agraciados com a personalização. Vi a lista e até os Wolfram ganhou embalagem própria…Neste ritmo vejo uma oportunidade até para o Janecrílson também encontrar a sua própria embalagem nas gôndolas de Melbourne. Parece que ninguém na Austrália reclamou que estava complicado de reconhecer a embalagem ou que o sabor havia sido modificado pelo rótulo diferente. Interessante…a mesma empresa, a mesma formuleta de marketing, resultados completamente diferentes..mundo globalizado.
Como atualização para o assunto Coca-Cola e gás, me lembrei de compartilhar este clássico da Internet, a incrível experiência de se colocar Mentos, aquela balinha refrescante, dentro de garrafas de Coca-Cola Light…Isto sim gera muito gás.

O meu é diferente do seu

Várias vezes os marketeiros de plantão falam da necessidade de personalização de conteúdo, ou seja, é preciso desenvolver produtos e serviços que sejam realmente relevantes para o consumidor em potencial e que sejam feitos “sob medida” para as pessoas. Quando pensamos em um terno ou em uma camisa, conseguimos enxergar o alfaiate ou o camiseiro tirando as suas medidas e fazendo algo único e especial para você (e cobrando bem caro por isto) mas e quando falamos de refrigerantes ?

Na Austrália a Coca Cola acaba de lançar uma campanha que tenta atender a este desejo do consumidor de ter alguma coisa feita especialmente para ele…Foram criadas 150 embalagens diferentes do refrigerante, cada uma utilizando os nomes mais populares no país: John,Steve,Mary,Jack,Kate e por aí vai. Todos os nomes nas embalagens são escritos com a mítica e inconfundível fonte da Coca Cola. Resultado: uma corrida de consumidores para as gôndolas procurando a “sua” Coca Cola personalizada e a Coca Cola esperando vender 270 milhões de latas nos próximos 3 meses. Legal, mas e se eu me chamasse Jenecrilson e me revoltasse com a Coca Cola por ela não haver se preocupado comigo e ter me preterido das latinhas personalizadas ? Não se preocupe Jenecrilson…pensando em você (e em mim), foram criados 18 quiosques em shopping centers onde você pode personalizar a sua própria lata.Além disto, a campanha toda é reforçada por uma enorme atividade de mídia social para estimular você a compartilhar as latinhas personalizadas com os seus amigos de Facebook (desde que neste caso, eles tenham um dos 150 nomes) . Deu no http://www.brandchannel.com

O vermelho agora é branco

Depois do post que escrevi sobre a importância da cor para uma marca e a briga para manter este vínculo protegido, vi uma notícia no http://www.brandchannel.com que me chamou a atenção e vai em outra direção. A Coca Cola decidiu que de Novembro a Março as suas tradicionais latinhas deixarão de ser vermelhas nos Estados Unidos e no Canadá. A razão para isto é divulgar a causa de proteção dos ursos polares no Ártico. O urso polar é símbolo da Coca Cola desde 1922 e com a espécie cada vez ameaçada, a Coca Cola resolveu ser solidária ao tema. Com isto, neste período serão produzidas 1,4 bilhões de latas brancas! Como nem só de cor da lata vivem os coitados dos ursos, a Coca Cola inicia a campanha doando US$ 2 MM para a WWF e além disto a uma mensagem na lata que estimula os consumidores a também fazerem doações de US$ 1,00 para a causa. Se o negócio der certo, o maior risco para os ursos deixará de ser a destruição do meio ambiente e passará a ser seres humanos interessados em um golpe do baú para herdar sua fortuna.

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