Cinderela

Sua esposa um dia dançou ballet e se apaixonou por uma marca de sapatilhas chamada Repetto, segundo ela, as melhores que existem. Para ela, quem faz sapatilhas para bailarinas que vivem na ponta dos pés é mais capaz do que ninguém de fazer sapatos que tenham o conforto como marca registrada. Você nunca dançou a Suíte Quebra-Nozes ou o Cisne Negro, pas de deux não é sua maior virtude e por mais que tente  é incapaz de diferenciar um legítimo Repetto de um verdadeiro Shoestock….Os Repettos são vendidos no Brasil mas por preços mais caros do que o dos sapatinhos de cristal da Cinderela.

Sua mulher descobre que na cidade onde você foi trabalhar há uma loja que vende os divinos sapatos e te dá comandos claros…se for o modelo mole e a numeração for a européia, calço 38. Se o modelo for duro, compre 38 1/2. Mole, duro ? Parece gema e não sapato…Meio ponto ? Seria o Repetto primo dos calçados Di Pollini ? Cor ?? Não sei, mas preto eu já tenho….Escolha a que você achar que vai ficar mais bonita.  Chego na loja e encontro uns vinte modelos com variações que, para quem possui cromossomos XY, lembram mais figurinhas do jogo de 7 erros, com detalhes imperceptíveis entre si. Tentativas de envios de SMS com fotos dos modelos, explicações por telefone das diferenças e a compra concluída com sucesso, para euforia de sua amada. O Repetto ficou lindo no pé dela como certamente o Shoestock também ficaria. Entender a paixão das mulheres por sapatos é algo que ainda demandará algumas reencarnações da minha parte.

Ninados pelo Momix

O meu processo de imersão no maravilhoso mundo da dança moderna prossegue. Ontem fui acompanhar a minha esposa em uma nova aventura, o espetáculo do Momix. O Momix (http://www.mosespendleton.com) é uma companhia de dança americana que mescla técnicas de circo e efeitos especiais em suas produções. Na teoria parecia um Cirque de Soleil menos massificado  e com mais dança. A Mari estava animada, desta vez eles bailariam inspirados nas quatro estações e nas transformações da natureza. Depois de meia hora o único elemento que mantinha a Mari conectada com o espetáculo era o sono. Começou na representação do inverno e ela então resolveu hibernar em pleno teatro Alpha. Ela só despertou no final do verão, quando bailarinos vestidos de girassol saltitavam pelo palco. Eu estou orgulhoso de mim mesmo ! Resisti…aguentei firme até o final e concluí que depois do ballet japonês do ano passado nada mais me tira do eixo. Para os interessados em conhecer mais sobre o Momix e sua singela representação de ode a fauna e a flora, aí vai um pequeno trecho de “Botanica”. Vejam se dá para entender porque a Mari e mais de 10% do teatro repousavam em suas poltronas.

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