“When I score, I don’t celebrate because I’m only doing my job. When a postman delivers letters, does he celebrate?” Mario Balotelli
Arquivo mensal: junho 2012
Romarinho e eu

Publicado em Aéreo, Cotidiano, Futebolístico, Viagem
O que você quer saber de verdade ?
Ontem fomos assistir ao novo show da Marisa Monte, chamado “Verdade, uma ilusão”, baseado em seu álbum “O que você quer saber de verdade” . Passaram-se 6 anos desde a sua última turnê e saí com a sensação de ter visto uma sessão de “vale a pena ver de novo”, aquelas novelas que a Rede Globo reprisa no meio da tarde. A estrutura deste show é exatamente igual a dos outros espetáculos que eu havia assistido. Produção correta, profissionalismo, voz bonita e aquele ar blasé do tipo, hoje farei um favor de cantar para vocês. Só que o tempo passou e o que era cool há alguns anos, agora me provocou uma grande sensação de “déjà vu”, de estar um pouco defasado, sem atualização. A fórmula de reciclar versões de músicas de cantores populares que eu achava incrível, agora ficou vencida. Teve um momento do show que ela cantou uma música em italiano, em que eu tinha certeza que tinha baixado a Zizi Possi no meio do palco. Uma década atrás seria o máximo, agora ficou bem duvidoso. Reconhecer que a música dos personagens centrais da novela das 8 é um dos pontos altos do show também me incomodou um pouco… O ar de diva vintage que era “uau” , agora me gerou uma sensação de frieza e distância do público. O meu resumo é que o show pareceu um desfile de carnaval da Imperatriz Leopoldinense …Tecnicamente perfeito, tudo funciona, favorito dos jurados, você não se arrepende de ter pago ingresso, mas é completamente morno e sem sal, atravessa a passarela sem levantar a arquibancada. No fundo, quer saber a verdade ? Talvez a Marisa Monte não tenha mesmo mudado e realmente não tenha uma razão para investir em outra fórmula. Quem mudou fui eu.
Publicado em Entretenimento, Música
La garantia soy yo
Muitas vezes quando falamos no Paraguai, a primeira coisa que vem a cabeça é a qualidade dos produtos comercializados por aquelas bandas. Relógios Cassio, uísques Juanito Camiñador e outras coisas do gênero, que brotam em Ciudad del Leste e atravessam por osmose a famosa ponte da Amizade.Embora eu sempre gostei do eterno zagueiro Gamarra, a imagem do país ficou mais simpática mesmo nos últimos tempos, quando a Larissa Riquelme resolveu esconder um celular (será que era Nokia ou Nokkya ?) no meio de sua avantajada comissão de frente.
Hoje percebi que o Paraguai,que foi tão acusado de copiar as coisas, voltou as manchetes. O país foi capaz de estabelecer um processo de impeachment de presidente que certamente nenhum outro país jamais ousou fazer. Foram pioneiros e criativos, justamente onde não deveriam. O presidente Fernando Lugo foi destituído do poder, em um julgamento no senado, em um processo iniciado ontem e encerrado hoje ! Se passaram menos de 24 horas, com um direito a defesa de 5 horas e o cidadão, que foi eleito em 2008 com mais de 40% dos votos, foi defenestrado. Não sou especialista em política paraguaia (aparecerão vários), não sei se Lugo, que era um bispo celibatário, é um bom ou um mal presidente e apenas me lembrava dele mais pelos filhos ilegítimos que foi reconhecendo pela vida .
O que esta em questão não é sua capacidade como presidente mas a maneira como foi tirado. Fato é que em 2012, alguns países da América Latina ainda dão umas rateadas inexplicáveis. Democracias são violadas, direitos constitucionais são negligenciados. Mais do que a evolução econômica do Brasil nos últimos anos, não dá para não dizer que em termos institucionais, deixamos os nossos vizinhos muito, mas muito para trás. Do outro lado das cataratas ainda acontecem golpes de estado…olhamos e parece tão longe e tão bizarro. Ainda bem que fomos capazes de evoluir…
Publicado em Cotidiano
4 patas e chifres
Os códigos estéticos de um grupo são fascinantes…embora as pessoas prezem por sua individualidade, parece que tem um prazer ainda maior em ficar absolutamente iguais entre si e garantir a sua aceitação e reconhecimento entre iguais. São como centenas de ovelhas Dolly, impossíveis de serem diferenciadas entre si. O mais interessante é que por mais variados que sejam os grupos, a relação com os códigos da tribo é igual. Da turma das pontocom, onde todos se julgam diferentes do resto mundo mas se clonam com barbichinhas e camisetas pretas a patricinhas com luzes californianas, calças de alfaiataria e camisas brancas, passando pelos adolescentes com suas peças de roupa da Abercrombie. Ah, os adolescentes…com o apoio deles, o alce da Abercrombie se reproduz em ritmo de coelhos nos shopping centers e nas saídas das escolas .
Meninos ostentam o alce com orgulho, em camisetas, pólos e bermudas de todas as cores e estampas. A Abercrombie and Fitch é uma marca que não está no Brasil, mas os jovens dão um jeito…Importam, pedem para pais e amigos trazerem de viagem, compram parcelado, mas sempre conseguem exibir suas Abercrombies. Será que alguns meninos mais conservadores e preconceituosos, ao verem o vídeo que encontrei hoje na internet repensarão se mantém o orgulho de ostentar as roupas da grife ?
Parece que o alce se aproximou demais de outro animal com quatro patas e chifres. Entre ficar na moda e ser macho, qual será a aposta da tribo da juventude ?
Publicado em Banal, Etnografia