Nestes dois últimos dias fui acometido por um dos maiores fenômenos da sociedade contemporânea: a virose. Não me lembro de ao longo da minha infância ter ouvido falar em viroses e no passado os médicos pareciam buscar diagnósticos mais específicos para dores de barriga, diarréias, vômitos, tonturas e afins. Acho que a virose como mãe de todas as coisas que os médicos não sabem o que são mas que acreditam que não sejam graves o suficiente para te mandar para o hospital, deve ter uns dez anos de existência. Tudo agora é justificado como uma virose…Não sei se os vírus passaram por grandes mutações nos últimos anos e ficaram mais selvagens ou se foi a medicina que encontrou uma maneira mais ampla de justificar o que parece não ter uma justificativa muito clara. Cada criancinha de menos de dez anos deve ter sido acometida por pelo menos umas cinquenta viroses e o pediatra ainda explica – “é que está tendo um surto, mesmo”. O que é incrível é que o surto parece ser contínuo, pois a justificativa é sempre a mesma. Recentemente passei a ouvir “quadro viral” para explicar o diagnóstico…quem sabe a virose comece a sair de moda. Independente de tudo chamada de virose, quadro viral ou de doença não identificada, sei que realmente ela tem potencial para te derrubar e deixar o blog desabstecido de novidades por quase três dias.
O fenômeno das viroses
Publicado em Cotidiano