Durante esta semana estou em um daqueles hotéis gigantescos, com restaurantes igualmente enormes e aqueles buffets de um kilômetro. Talvez em um restaurante por kilo as pessoas fiquem um pouco mais inibidas em encher os seus pratos, temendo que a sua gula seja punida pelo seu bolso. Nestes hotéis, em que tudo está incluído, esta restrição não aparece e todos desfilam orgulhosos com seus pratos cheios de comida empilhada, que ficam parecendo miniaturas das pirâmides do Egito.
Além da torre alimentar em forma de monumento , impressionam as misturas. As pessoas iniciam sua romaria pelo buffet pela panela do arroz e vão agregando carne, peixe, frango, salada, verduras, massas e um pãozinho para completar. É verdade que a organização do buffet, linear, com uma surpresa a cada caçarola, não ajuda a composição harmônica do prato. Todos colocam um pouco de cada coisa em seus pratos instintivamente, sem grandes reflexões. Formam-se pratos que são verdadeiros mosaicos alimentares que devem gerar pesadelos em nutricionistas.
Ir andando e não se servir, por sua vez, parece gerar uma sensação de insegurança, como se todos estivessem em um campo de refugiados na Etiópia, sem acesso a alimentos e condenadas a inanição permanente. Com este temor, vários entopem os seus pratos com uma quantidade de comida capaz de alimentar um batalhão por uma semana.
No final, desta jornada gastrônomica sempre sobra comida…Para combater o desperdício, a solução deveria ser pesar o que restou no prato de cada um e cobrar pelos excessos. Simples como isto. O bolso sempre ajuda a combater os excessos do olho maior que a barriga…