Eu pensava que já tinha passado por quase tudo em minha vida como passageiro de avião. Já tive mala perdida, avião arremetendo, voo cancelado, voo perdido, overbooking, upgrade e a cereja do bolo que adoro contar em mesas de bar: abandonei um avião em evacuação de emergência, com direito a descida de escorregador e corrida pela pista com medo de explosão. Esta semana ganhei mais uma história…tudo começou quando em função do voo lotado, fomos remanejados para a classe executiva da TAM de Manaus para Guarulhos (nota para aficcionados: a TAM utiliza um A330 nesta rota, por isto existe a classe executiva). As crianças já martelavam todos os botões disponíveis, fascinados com a perspectiva de voarem quase na horizontal, pulando, jogando e assistindo Harry Potter ao mesmo tempo. Eis que um passageiro resolveu se indignar com os upgrades dados a nós e a outros passageiros. Dizia que havia pago R$ 1342,00 (falou tanto com o pessoal da tripulação que memorizei o número) para voar naquela classe e que aquilo era injusto, pois os outros estavam ganhando aquilo de graça. Esbravejou, levantou, bufou com um comissário, esperneou com duas aeromoças e finalmente retornou ao seu assento. Para mim o desabafo estava concluído e em breve partiríamos.
Passam-se 10 minutos e dois agentes da polícia federal, a pedido do comandante, entram no avião para retirar o reclamão. Ele até tentou dizer que não era bem assim, apelou para o “deixa disso”, disse que tinha sido mal compreendido, que estava apenas reclamando dos seus direitos e por fim tentou o nobre golpe da carteirada, dizendo que era o projetista da nova ponte de Manaus (realmente não me pareceu um grande argumento mas que ele tentou, tentou).
Não teve conversa. Expulsão sumária do avião por destrato a tripulação e meia hora de atraso…Nem reclamei…voei com mais espaço, assisti a cena toda de camarote e ganhei uma nova história de avião para a coleção.