Fui assistir “Azul, é a cor mais quente”. Apesar do título poder sugerir algo relacionado a Smurfs sofrendo com o calor do verão, trata-se do filme que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2013, e que não é um passatempo para crianças. “Azul” conta a história da jovem Adele , com suas descobertas, frustrações e angústias no período de transição entre a juventude e a vida adulta. O eixo do filme é o relacionamento de Adele, com Emma, uma mulher mais madura, decidida e independente. O filme gerou um enorme barulho por conta das cenas calientes entre as duas protagonistas, que de fato tem potencial de fazer com que desavisados e beatos abandonem a sala do cinema e proponham o exorcismo das duas mocinhas. Tirando estes momentos, em que rola este animado kamasutra lésbico, “Azul” nada mais é do que o superficial diário de Adele. Isto me frustrou um pouco… Ler diários de meninas, a menos que você seja citado como o bonitinho da classe, não é das coisas mais animadas…como qualquer diário, o filme tem os momentos de tédio (“hoje almocei macarrão”, “dormi a tarde inteira”) e os momentos mais divertidos (“fiquei com o menino”, “briguei com a menina”). Foi um pouco assim que senti “Azul” . Se a Emma chama-se Emmo e se as cenas de sexo não fossem tão explícitas, gerando toda a polêmica (as duas atrizes principais disseram que nunca mais voltarão a trabalhar com o diretor Abdellatif Kechiche), acho que o filme passaria quase despercebido e não seria tão endeusado. “Azul” tem suas virtudes: faz com que o espectador compartilhe e vivencie os sentimentos de Adele de uma maneira crua e real, sem grandes explicações ou notas de rodapé, tem duas atrizes fazendo um trabalho espetacular, tem uma estética européia charmosa…Apesar de tudo isto, fiquei um pouco com a sensação de estar assistindo Malhação ou Confissões de Adolescente em longa metragem (aliás, longuíssima…são 3 horas de filme), em versão proibida para crianças. Daria para ter arrancado algumas páginas deste diário…
Azul calcinha
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