A jornada começa

A minha aventura de caminhar até o acampamento base do Annapurna  está se iniciando.  Annapurna é a décima montanha mais alta do mundo com 8091m e fica no Nepal. Serão 7 dias até chegar a 4200 metros. Não, Annapurna não é o Everest (assim como Buenos Aires não é a capital do Brasil)…ficam bem distantes um do outro.  O trekking para se chegar ao Everest é mais longo (mais ou menos 15 dias) e mais monótono em termos de paisagem. Uma semana andando e vendo montanha para mim já está de bom tamanho. Certamente não estou sozinho, pois a trilha para o Annapurna Base Camp (ABC para os mais chegados) é a mais popular do Nepal, sendo visitada por 20.000 pessoas anualmente.

IMG_0866.jpgA epopéia começa no aeroporto de Kathmandu, de onde voarei até Pokhara, cidade que é uma espécie de hub para todas as expedições que saem rumo ao Annapurna. No check in sou convidado a subir na balança e sou pesado junto com as malas. Não sei se é um bom sinal e qual seria a minha solução para uma reclamação de excesso de peso mas de qualquer maneira, juntamente com o meu guia subo a bordo do teco teco. Como gesto de simpatia, a aeromoça passa servindo balinhas e oferecendo também chumaços de algodão para amenizar o barulho. Apesar das perspectivas, o voo é muito tranquilo e leva uns 25 minutos.

2:30h depois de uma viagem em um jeep sacolejante, chegamos no local de início de nossa caminhada e parada para almoço. Em um momento de comunhão universal lá vamos o guia, o carregador e eu compartilharmos o prato do dia. Arroz, sopa de lentilhas, curry de vegetais e algo que estou tentando identificar. É um pf tipico nepalês chamado Dal Bhat e que me perseguirá nas refeições por vários dias. A questão é que os dois literalmente metem a mão na cumbuca. Segue o jogo…vou ser mais tolerante com os cotovelos na mesa e a boca aberta dos meus filhos.

IMG_3801.jpgComecamos a caminhada. 4:30h depois chegamos a nossa primeira parada. 1200m de altitude, ou seja mais baixo que Campos do Jordão. Montanhas apenas no pensamento. Calor e verde. Não sei se chamo o local de pousada, hotelaria, pensão, guest house ou para ser mais específico, espelunca. A atração do local chamado Ghorepani, são piscinas de águas termais. Chegamos com tudo escuro mas o guia me estimula a relaxar nas tais termas. Ponho minha sandália flip flop e vamos no escuro. Espírito de aventura é isto. Vamos deixar hábitos coxinhas para trás…Percebo então que as termas ficam na margem de um rio que eu ouvia remotamente, a 25 minutos de distância pela mesma rota em que alguns instantes antes eu desfilava de botas. Minhas havaianas me dão sinais de alerta e começam a soltar as suas tiras. No breu, aborto a missão e proponho retornarmos para o nosso momento “canja” às 6am. Ele aceita.

Meu jantar ,servido às 6:00 horas como passaria a ser rotina, é “fried rice” com vegetais. A felicidade de estar em um quarto sozinho dura pouco. Adormeço. As paredes são de compensado de madeira e os meus vizinhos começam a transar loucamente. O barulho era tamanho que parecia que eu estava participando de um manage e que o casal havia invadido o quarto. Eles estão ritmados. Chegam ao seu momento de prazer juntos e eu também fico muito feliz. Vem o silêncio e posso então tentar dormir.

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