A operação “abafa protestos populares” teve o seu ponto alto nos últimos dias com a sugestão de um plebiscito para tratar do tema da reforma política. Automaticamente viajei no tempo e me lembrei da época de estudante, em véspera de provas. Vez por outra, a professora informava que o teste, ao invés de ser dissertativo, seria de múltipla escolha. Por menos que eu estivesse preparado e mesmo não tendo a menor idéia do conteúdo sobre o qual eu seria avaliado, eu me sentia mais confiante, energizado para enfrentar o desafio. Nada mais lógico, afinal estatisticamente um chimpanzé fazendo cruzinhas randômicas nas alternativas, tenderia a acertar cerca de 20% das questões. Eu não poderia ter uma performance inferior a de um chimpanzé e confiava que com minha capacidade de chutes, o risco de eu zerar na prova diminuiria sensivelmente. O meu conhecimento sobre o tema era zero mas já que me davam a chance de chutar livremente, eu chutava…
Pois bem, não dá para brincar de superar o chimpanzé e escrever “x” em um assunto como uma reforma política. Não é uma questão binária…É querer transformar um tema complexo e completamente técnico, que já deveria ter sido discutido há anos pelo congresso nacional em uma espécie de releitura do programa do Silvio Santos de antigamente…Antes acendia a luz vermelha e a criança respondia se queria trocar um tênis Montreal por um bicicleta…Agora ao acender a luz da urna o eleitor deverá responder singelamente se está disposto a trocar o sistema atual pelo voto distrital ou por alguma outra coisa do gênero ?…Não pode ser sério… Estou convencido que algumas destas idéias brilhantes devem estar brotando do cérebro de algum primata que eu insistia em querer derrotar nas minhas provas de múltipla escolha da juventude…Só pode ser…