Múltipla escolha

Chimpanzé

A operação “abafa protestos populares” teve o seu ponto alto nos últimos dias com a sugestão de um plebiscito para tratar do tema da reforma política. Automaticamente viajei no tempo e me lembrei da época de estudante, em véspera de provas. Vez por outra, a professora informava que o teste, ao invés de ser dissertativo, seria de múltipla escolha. Por menos que eu estivesse preparado e mesmo não tendo a menor idéia do conteúdo sobre o  qual eu seria avaliado, eu me sentia mais confiante, energizado para enfrentar o desafio. Nada mais lógico, afinal estatisticamente um chimpanzé fazendo cruzinhas randômicas nas alternativas, tenderia a acertar cerca de 20% das questões. Eu não poderia ter uma performance inferior a de um chimpanzé e confiava que com minha capacidade de chutes, o risco de eu zerar na prova diminuiria sensivelmente. O meu conhecimento sobre o tema era zero mas já que me davam a chance de chutar livremente, eu chutava…

Pois bem, não dá para brincar de superar o chimpanzé e escrever “x” em um assunto como uma reforma política. Não é uma questão binária…É querer transformar  um tema complexo e completamente técnico, que já deveria ter sido discutido há anos pelo congresso nacional em uma espécie de releitura do programa do Silvio Santos de antigamente…Antes acendia a luz vermelha e a criança respondia se queria trocar um tênis Montreal por um bicicleta…Agora ao acender a luz da urna o eleitor deverá responder singelamente se está disposto a trocar  o sistema atual pelo voto distrital ou por alguma outra coisa do gênero ?…Não pode ser sério… Estou convencido que algumas destas idéias brilhantes devem estar brotando do cérebro de algum primata que eu insistia em querer derrotar nas  minhas provas de múltipla escolha da  juventude…Só pode ser…

Ni sí ni no

AOntem foram indicados os filmes candidatos ao Oscar. Começa uma temporada de estréias e coisas melhores para se assistir do que “De pernas para o ar 2”.Esta semana fui assistir a “No”,  candidato a melhor filme estrangeiro e que conta a história do plebiscito realizado no Chile, em 1988 e que pretendia validar a permanência de Augusto Pinochet no poder. Todo o filme é contado sob a ótica de René Saavedra, interpretado pelo mexicano Gael García Bernal, publicitário que teve a responsabilidade de comandar a campanha do “não” à ditadura.

“No” foi filmado com uma câmera da época, o que assegura ao filme uma estética dos anos 80, reforçada pela utilização de uma uma série de imagens de arquivo . O visual granulado e amarelado ao longo de duas horas de filme gera um leve incômodo, como se você estivesse assistindo a um VHS que estava na prateleira há anos. Não fiquei decepcionado mas esperava um filme com mais impacto e profundidade. “No”, acaba refletindo um pouco da campanha criada por René para o plebiscito chileno: um pouco superficial, sem querer tocar em temas muito pesados e com um roteiro previsível. De qualquer maneira vale como registro histórico e como lembrete dos dias cinzentos da ditadura no Chile. Em homenagem aos chilenos, diria que achei “No” más o menos, ni sí ni no…

Independentemente disto “No” serviu também para eu concluir que o Gael Bernal e o Rodrigo Santoro foram separados na maternidade. São gêmeos univitelinos. Certamente as mulheres não concordarão com o ponto de vista (que tal um plebiscito ?) , mas o visual “barbudinho carente e cool” de ambos é idêntico…

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