Cadê o cesto de lixo ?

Há um ditado popular que diz que apesar de existirem, ninguém nunca viu uma cabeça de bacalhau ou o cabelo de uma freira . Depois destes dias aqui no Japão, cheguei a conclusão que há um novo item a ser incluído nesta lista : cestos de lixo nas ruas de Tokyo. Devem existir mas você não as encontra em nenhum lugar…e por mais paradoxal que possa parecer, a cidade é absolutamente limpa. Na verdade não se vê ninguém comendo ou bebendo nada nas ruas, apesar de existirem milhares de vending machines e fast foods por todos os lados.

Isto é visto como falta de educação. Comer é um ritual e por maior que seja a sua pressa (algo que aqui se limita ao trem bala…) , deve ser feito sentado e sem perturbar os outros. A única exceção vem dos adolescentes (sempre eles), que comem crepes em forma de cone pelas ruas. Como lixo não se gera apenas com comida mas também com a tonelada de papéis que nos entregam em todo canto, passamos o dia carregando um saquinho, esperando o retorno para o hotel para nos livrarmos das coisas. Civilizado mas esquisito…

Haja saco

Conseguiram transformar a proibição dos sacolinhas plásticas dos supermercado em algo parecido com as discussões sobre o aborto e a pena de morte. Posições apaixonadas, contra e a favor da nova regulamentação que proíbe a distribuição gratuita nos pontos de vendas. Literalmente, um saco.
Polêmicas a parte e superada a fase da negação, a verdade é que agora precisamos nos adaptar a levar sacolas de pano,carrinhos de feira ou caixas para o supermercado para acomodar as nossas compras. Mais dramático no entanto é reaprendermos a vida sem os saquinhos que iam direto para as nossas lixeiras da pia e do banheiro. Tudo isto não é nada perto da reclamação da auxiliar do lar, sofrendo e revoltada com a lei. Inspirado nas aulas de artes que eu fazia no primário, decidi que daqui para frente em casa, como parte da mais valia da empregada, a ensinaremos a produzir “sacos de lixo” de papel de jornal.
O processo é fácil, ecologicamente correto e depois de a iniciar no maravilhoso mundo da separação de materiais para reciclagem em que ninguém nunca sabe se a caixa de leite é reciclável ou não, nada mais natural do que a transformarmos em uma artesã. O problema dos saquinhos estará resolvido, pelo menos enquanto eu continuar assinando jornal, o que também não deverá durar muito.

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