#eosnudes ?

marylinTudo bem que já havia me acostumado com a idéia de pensar um mundo com estoques de ventos, mandiocas sendo convertidas em objeto de adoração, com a filha da Gretchen sendo chamada de senhor e outras coisas que jamais pensei que fossem possíveis. Eis que leio a notícia que a revista Playboy deixará de publicar fotos de mulheres nuas. Estou convicto que nada mais é impossível. Pergunto eu, o que a Playboy pretende publicar então ? Entrevistas, histórias em quadrinhos, dicas master chef ou moldes de crochê ? Quem sabe esta decisão tenha sido o resultado de algum “focus group” com homens mentirosos que diziam adorar as entrevistas e as páginas de consultoria de moda. Se não foi isto, talvez alguém pregou uma peça no editor da revista nos Estados Unidos e enviou os exemplares da Fogueteira, da Hortência, da Fernanda Young o que lhe daria argumentos mais do que justificáveis para a decisão. O que será que colocarão no poster daqui para frente ? Horóscopo ? Cotações da bolsa de valores ?? A Receita do filé Wellington ??

O coelhinho da Playboy já deve estar na fila para pedir sua aposentadoria depois de 40 anos de trabalho…Em breve deverá ser substituído pela imagem de um monge com óculos RayBan.
Enfim, esta notícia representou um choque para toda uma geração. Guardadas as devidas proporções, caso isto tivesse ocorrido em meados da década de 80 seria motivo para uma rebelião popular, algo exponencialmente maior do que foram os “caras pintadas” alguns anos depois… Não me venham com dados comerciais falando de queda de vendagem ou com esta história de que mulheres nuas estão a apenas um clique no mundo virtual ou mesmo que este não é o universo feminino que uma editora deveria exibir. Concordo com todos estes argumentos lógicos mas memórias não são lógicas e justamente por isto sinto uma espécie de ataque retroativo sendo desferido contra a minha adolescência.
Como adolescente, o meu desafio começava em ter acesso à revista, aquela sensação de medo, de que poderia ser denunciado ao juizado de menores pelo jornaleiro. Depois vinha a questão logística da armazenagem. Onde guardar os exemplares, preferencialmente no banheiro, sem chamar a atenção da minha mãe, que insistia em fingir que não tinha visto nada e ao mesmo tempoevitar o furto por parte de meus irmãos ….Finalmente a questão da delicadeza do manuseio…como conservar as musas intactas, sem riscos de serem rasgadas, coladas, dobradas no lugar errado ou sofrerem outros acidentes….Enfim, tudo isto ia muito além da ‘revista de mulher pelada”. Era a tal “experiência de compra”, tão valorizada pelos moços do Marketing.  Luiza Brunet, Monique Evans, Maitê Proença, Luciana Vendramini … Vocês fizeram parte de cada pedaço desta história e certamente entendem todo o contexto.
Vá em frente, Playboy…confesso que é algo que para mim equivale ao McDonalds não ter mais o Big Mac ou a Coca Cola não vender mais refriegerante. Se não dá mais para competir, se o mundo mudou, se o seu conteúdo ficou politicamente incorreto e sexista, se não dá para se reivententar, assuma isto e saia do negócio mas não se disvirtue tanto, nunca perca a sua raíz. Não tenho bola de cristal mas se tivesse que apostar cravaria que muito em breve ou a revista acaba de vez, ou retoma a rotina das peladonas, provavelmente em poses mais ginecológicas, com o argumento de tentar recuperar o público perdido.

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