Neste final de semana estive em uma festa de aniversário. Está certo que rever vários conhecidos foi gostoso e trouxe boas lembranças, mas o grande reencontro do dia foi com um sujeito que eu julgava mais extinto do que os dinossauros: a bala de coco. Junto ao bolo de chocolate, repousavam balinhas brancas que eu não via há décadas. Pensei que fosse uma miragem, mas o sabor daquela mini bomba calórica não deixava nenhuma dúvida. Em que momento da história, as balas de coco, aquelas embrulhadas em papel crepom colorido e cheias de franjas, foram abandonadas ? Não existia festa de aniversário sem bala de coco…Qual foi o motivo ? Será que alguma promoter engasgou com uma ? Será que contém glutén ? As “personal party organizers” de hoje em dia mataram um pedaço da minha infância…Trocaram o coitado do coco, elemento de resistência nordestina e ícone da vida tropical, pelos indefectíveis cupcakes . Nada contra, mas eu não quero comer cupcake ! Cupcakes não te propiciam aquela maravilhosa sensação de encher os bolsos malandramente na saída da festa e achar que ninguém está olhando. Isto é algo que as balas de coco sempre me deram (de vez em quando eu também tenho esta sensação com os bem casados, mas festas de casamento estão escasseando hoje em dia. As pessoas só vão morar juntas e diminuíram o mercado de bem casados)…Estou órfão deste pequeno prazer. Mesmo depois de dois ou três dias , a cada balinha comida, eu tinha a sensação de que a festa não tinha acabado. No próximo protesto que tiver, eu já tenho a minha causa: irei às ruas para defender a bala de coco contra o imperialismo do cupcake !
Sabor de infância
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