Semana boa para tirar os casacos, luvas e cachecóis do armário e ouvir todas as estatísticas sobre o maior frio dos últimos anos. Neve em Florianópolis e Curitiba ( está certo que a neve derreteu antes de dar tempo das pessoas pegarem suas câmeras fotográficas para documentar o fato), geada por todo o lado mas o que me chamou a atenção foram os fantásticos discursos sobre a “sensação térmica”. Os termômetros foram solenemente ignorados e suas medições pragmáticas e chatas foram preteridos pela muito mais impactante história da “sensação térmica”. Manchetes falavam de uma sensação de -33 C em Santa Catarina…Os moradores foram apresentados como esquimós e as vaquinhas viraram renas. Por alguns dias parece que parte do Brasil se orgulhou de sentir frio. Os institutos de meteorologia e as emissoras de TV queriam por que queriam transformar o país em uma espécie de Lapônia sub-equatorial, cuja capital é São Joaquim. Parece que para o brasileiro, o frio é coisa de país rico, alinhado com a tese colonialista que relaciona desenvolvimento econômico ao clima…Daqui a pouco o tempo esquenta ou para ser mais técnico, a frente fria se dissipa…Voltaremos a sina dos trópicos, com “sensações térmicas” dignas do famoso calor senegalesco. Voltaremos à realidade.