Minha relação com o mar sempre foi de respeito e uma certa distância. Acredito muito no lema que diz que “água no umbigo é sinal de perigo” e gosto mais de olhar para o horizonte do que vivenciar aventuras submarinas ou sofrer com enjoos que insistem em aparecer em passeios de barco. Confesso também que nem a praia se salva e tenho uma leve predileção por piscinas azulejadas, livres dos grãos de areia, que sempre se escondem em rincões remotos do seu corpo por dias a fio. Ainda assim, desde pequeno achei as histórias dos navegadores absolutamente fascinantes. Começando com os descobridores do passado que se aventuravam em caixotes flutuantes, até a turma de hoje em dia, que embarca em seus veleiros para cruzar os oceanos sem ter data para voltar. Existe um espírito de desprendimento (não estou falando do iate de R$ 15 mi do Neymar) , companheirismo e uma integração com a natureza que me cativam.
Minha paixão pelas histórias do mar cresceu um pouco mais ao saber do naufrágio do barco brasileiro “Mar sem fim” , que estava em uma expedição na Antártica . O “Mar sem fim” acabou afundando, retorcido pelo gelo que se acumulou ao seu redor depois de ter brigado com ondas gigantes e vendavais. O relato dos tripulantes descrevendo a luta do barco pela sobrevivência é emocionante e não dá para ler e não sofrer junto com eles , especialmente quando descobrem que o “Marzão”, como o chamavam, não resistiu. Me deu uma vontade enorme de reler “Velho e o Mar” , “Moby Dick” e as histórias do Endurance de Shackleton…Conclui que muito mais do que do mar, gosto da maneira como os “marinheiros” o respeitam e o admiram.