Hors Concours

E começou o carnaval. E volta aquela sensação de já vi isto em algum lugar…Carro abre alas da escola de samba quebra e atrapalha a evolução da escola. Ivete anima milhões de foliões sob sol de trinta e poucos graus. Bonecos gigantes animam o carnaval de Olinda. Rainha da bateria arrebenta,equipada e turbinada por novos peitos de 500 ml de silicone. Celebridades B tentam aparecer no camarote das cervejarias. Enfim…mais do mesmo, 2012 igual a mil novecentos e bolinha. Me lembrei de um personagem que marcou época no carnaval do RJ e que para mim tinha a incrível capacidade de representar este tédio carnavalesco. Ele se chamava Clóvis Bornay e era o campeão máximo dos desfiles de fantasia. Ganhou tanto e era tão superior aos outros que me fez aprender qual o significado da palavra Hors Concours.
Clóvis participava dos concursos mas em uma categoria a parte e por isto era Hors Concours, ou em francês,literalmente, fora do concurso. Ano após ano surgia o Clóvis. Exuberante ! 150 toneladas de paêtes, uma duna de purpurina e uns 50 pavões sacrificados para fazer sua fantasia. Todos os anos eu achava que ele estava vestindo a mesma roupa que havia sido tingida, mas não. Percebia que algo havia mudado pelo nome de seus trajes: em um ano era algo como “Libélula gloriosa abençoada pelo sol de deus Rá” , no ano seguinte surgia o “Netuno enfeitiçado pela magia de Iara no resplendor do Rio Nilo”. Eu não entendia nada, achava tudo igual e acho que era igual mesmo. Clóvis morreu faz tempo mas esta sensação de tédio momesco e de repetição não me abandonou.

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