Wando morreu. Do ponto de vista musical não acho que seja uma das maiores perdas para a música brasileira (ok, ele compôs Moça e Raio, Estrela e luar…), mas confesso que achava o Wando um grande personagem e um craque de marketing. Em um universo de cantores populares, ele conseguiu se diferenciar, criar uma marca própria e que fará com que seja lembrado por décadas. Wando definiu um posicionamento e foi fiel a ele até o final. Se colocava como um romântico, amante das mulheres e consolidou esta imagem se apropriando do símbolo máximo da intimidade feminina: as calcinhas. Seus shows (não, não compareci a nenhum) tinham banheiras, lençóis de cetim, cenas românticas e as fãs retribuíam atirando calcinhas no palco. Wando colecionava as calcinhas recebidas das fãs ( dizia ter mais de 17.000 peças ) e devolvia jogando calcinhas autografadas para a platéia. Virou até garoto propaganda de lingerie, a ponto da DuLoren, fabricante de peças íntimas ter enviado uma coroa de flores para o seu velório. Claramente era alguém que sabia se conectar com sua audiência e falar a sua linguagem. Preconceitos e estereótipos a parte era um craque na comunicação com a classe C. Provavelmente não se inspirou em Kotler ou em buscar um Oceano Azul para encontrar um diferencial como cantor, mas ainda que empiricamente, deu uma aula de marketing e de consistência de posicionamento, para várias marcas por aí.
Raio, estrela e luar
Publicado em Música, Mundo de Dilbert