Estive no Japão para assistir o Corinthians jogar o Mundial de Clubes. Muito mais do que o título, o que gerou uma enorme repercussão foi a nossa torcida. Torcida no sentido coletivo. O bando que atravessou o mundo, a festa, a interação com os japoneses. Ninguém falou dos indivíduos que estavam lá. Provavelmente o idiota que atirou o sinalizador e matou o menino na Bolívia, passeou pelas ruas de Tokyo e quem sabe não confraternizou comigo após o gol do Guerrero. Mas isto não importou em dezembro: o todo era maior do que as partes e nós como corinthianos sentimos um orgulho enorme disto. Sempre dissemos que somos uma torcida que tem um time e não vice versa…Nos auto-proclamamos nação.
O fogueteiro agora tem que ser encontrado e punido mas indiretamente ao matar o garoto, ele conseguiu um outro feito: feriu o coletivo. O peito estufado com que eu fico quando conto as aventuras da epopéia japonesa deu lugar a uma vergonha equivalente por conta do falatório pós-jogo de Oruro. A nossa torcida foi novamente notícia em todo o mundo mas com manchetes bem diferentes das que vimos no Japão. O orgulho deu lugar a uma vontade de se esconder por um tempo…O sujeito manchou a nossa imagem. Isolar a história e dizer que foi um ato independente, que não tem nada a ver com o Corinthians me incomoda…Não será o fulano desaparecido que ficará com a fama de assassino. Seremos todos nós, aqueles mesmos que ficaram com a fama de loucos apaixonados na invasão do Maracanã, na invasão japonesa e em tantos outros momentos da história de nosso time. Jogar com os portões fechados ficou barato e acho que a nossa torcida ao invés de reclamar e protestar da decisão, deveria acatar , concordar e reconhecer que pisamos (no sentido coletivo…) feio na bola. Isto é postura de líder…Isto nos faz diferentes. É tempo de dar uma pausa…respirar um certo luto futebolístico e três jogos com estádios vazios podem fazer este papel.