Este final de semana fui assistir “Na Estrada”, o filme de Walter Salles que é uma adaptação para o cinema do livro “On the Road” de Jack Kerouac . O livro de 1957 (que eu não li) é uma retrato da juventude americana no pós-guerra, a geração ‘beatnik” e é centrado na história de Sal, Dean e Marylou e suas andanças pelas estradas dos Estados Unidos, Canadá e México. O filme tem uma fotografia bonita, bons atores mas em várias horas me senti como as crianças, perguntando se iria demorar muito para chegar ao destino, pois a viagem pelas horas do filme parecia interminável. Os momentos arrastados e contemplativos de “Na Estrada” porém, não desqualificam as reflexões que ele provoca e não há como não sentir uma pequena inveja do prazer e da irresponsabilidade que os personagens do filme transbordam. Ver o filme me levou de volta a uma pergunta clássica da juventude: o que aconteceria com a minha vida se amanhã ao invés de ir para a escola ou para o trabalho, eu resolvesse ir morar na praia ? E se eu pegasse o carro e dirigisse sem destino ? Hoje em dia as respostas que viriam de minha mente seriam pragmáticas, adultas e talvez um pouco amargas: em algum momento você não teria dinheiro para colocar gasolina e seu carro pararia ou antes disto você seria preso pelo não pagamento da pensão dos seus filhos. O bom do cinema e dos sonhos é que você pode escrever roteiros de ficção…as vezes eles se despedaçam junto com o toque do despertador mas ainda assim servem de alimento para uma grande viagem do pensamento.