A chegada ao deserto do Atacama foi cheia de surpresas.Confesso que nunca olhei as médias pluviométricas por aqui e só me preocupava com as variações de temperatura, afinal este lugar é conhecido por ser o deserto mais seco do mundo. Como o mundo está mudando, o deserto também resolveu mudar. Fiquei sabendo que nas duas últimas semanas choveu mais por aqui do que nos últimos vinte anos. Conclusão: estradas alagadas e região em calamidade pública, com uma série de passeios inacessíveis aos turistas. O que restou no primeiro dia foi sair de carro. Não choveu muito, mas para compensar surgiu uma tempestade de areia que completou o pacote. O destino foi um salar, uma espécie de mar evaporado, para visitar os flamingos da região. Com as chuvas dos últimos dias, até os flamingos fugiram ! Se mudaram para a Bolívia. Da colônia de flamingos original do local e que tem entre oitocentas e mil aves, sobraram umas dez para contar a história e consolar os turistas. De longe, o bicho é bonito, elegante, com sua plumagem rosa. Quando ele voa no entanto, é bem esquisito. Parece um frango depenado.
Isto foi o que sobrou do dia…saber que o flamingo mede 1,20 m , pesa 1,5 Kg e vive por até 30 anos. Esperava mais do primeiro contato com o deserto (ou ex-deserto).